Catolé do Rocha - Paraíba

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Instituto Royal encerra atividades em São Roque (SP)

O Instituto Royal encerrou as atividades em São Roque (SP). A informação foi divulgada em comunicado enviado nesta quarta-feira (6) pela assessoria de imprensa do laboratório. “Em assembleia geral extraordinária realizada entre seus associados, o Instituto Royal, por meio de seu Conselho Diretor, vem a público informar a decisão de interromper definitivamente as atividades de pesquisa em animais, realizadas em seu laboratório de São Roque”, diz a nota.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O laboratório foi invadido por um grupo de ativistas na madrugada do dia 18 de outubro, do qual foram resgatados todos os cachorros da raça Beagle e alguns coelhos que eram usados em testes. Os ativistas acusavam a empresa de maus-tratos aos animais, devido às experimentações que ocorriam dentro dos laboratórios da empresa.

A ação dos ativistas suscitou debates sobre o uso de animais em todo o país

No comunicado à imprensa, o laboratório atribui o encerramento das atividades às “elevadas e irreparáveis perdas” que sofreu com a ação dos ativistas, que significou “a perda de quase todo o plantel de animais e de aproximadamente uma década de pesquisas”. A empresa também atribui a decisão à crise na segurança, que coloca “em risco permanente a integridade física e moral de seus colaboradores”.

O comunicado informa que a decisão de encerrar as atividades não afeta a unidade Genotox, que tem sede em Porto Alegre.
Segundo o laboratório, os funcionários já foram comunicados sobre o desligamento. O laboratório empregava 85 pessoas, entre médicos veterinários, farmacêuticos, biólogos, e biomédicos.

Criado em 2005, o Instituto Royal é uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip) e está credenciado junto ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável por regulamentar o uso de animais em pesquisas no país, entretanto, em matéria publicada pela ANDA, o próprio Concea admitiu que pode descredenciar 52% dos institutos de pesquisa no Brasil.

Segue abaixo a nota do Instituto Royal na íntegra:

“Em assembleia geral extraordinária realizada entre seus associados, o Instituto Royal, por meio de seu Conselho Diretor, vem a público informar a decisão de interromper definitivamente as atividades de pesquisa em animais, realizadas em seu laboratório de São Roque.

Tendo em vista as elevadas e irreparáveis perdas e os danos sofridos em decorrência da invasão realizada no último dia 18 – com a perda de quase todo o plantel de animais e de aproximadamente uma década de pesquisas -, bem como a persistente instabilidade e a crise de segurança que colocam em risco permanente a integridade física e moral de seus colaboradores, os associados concluíram que está irremediavelmente comprometida a atuação do Instituto Royal para dar continuidade à realização pesquisa científica e testes mediante utilização de animais.

Por este motivo, o Instituto decidiu encerrar suas atividades na unidade de São Roque.

A interrupção acarretará o desligamento de funcionários, todos já comunicados da decisão. Mantém-se, por ora, o Comitê de Ética formado por colaboradores do laboratório, que conta com veterinários, biólogos e membros da Sociedade Protetora dos Animais, conforme a legislação vigente. A decisão, por ora, não afetará a unidade Genotox, de Porto Alegre, onde não se faz experimentação animal.

Com o intuito de preservar a integridade dos animais remanescentes que ainda estão sob seus cuidados, o Instituto Royal tomará as providências necessárias junto aos órgãos regulatórios competentes, para assegurar que continuem sendo dados a eles tratamento e destinação adequados.

Desde 2005, o Instituto Royal realiza testes pré-clínicos com vistas ao desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de doenças como câncer, diabetes, hipertensão, epilepsia entre outros. Com essa decisão, interrompe-se o trabalho do único Instituto laboratorial do Brasil capacitado e regulamentado para exercer este tipo de pesquisa. A partir de agora, qualquer empresa interessada na realização de testes para registro de medicamento será obrigada a realizar suas pesquisas fora do País, até que outro laboratório seja credenciado pelo CONCEA (Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal) para essa atividade.

Todos os testes desenvolvidos no Instituto Royal atendiam aos princípios de boas práticas de laboratório (BLP) e também às normas para cuidados dos animais do CONCEA, estando também regulamentadas por protocolos internacionais, tais como o da European Medicines Agency e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

O Instituto Royal acredita que as ações violentas ocorridas no dia 18 de outubro são resultado de dois fatores complementares: as inverdades disseminadas de forma irresponsável – e por vezes oportunista – associadas à falta de informação pré-existente. As consequências dos atos advindos dessa equação resultaram não somente em prejuízo para a instituição, que fecha suas portas, mas também e mais gravemente para a sociedade brasileira, que assiste à inutilização de importantes pesquisas em benefício da vida humana.

É inquestionável o direito de todo cidadão ou instituição expressar suas opiniões e propor à sociedade brasileira o debate sobre temas de interesse público. Não se pode anuir, contudo, com as atitudes de violência que cercaram os episódios envolvendo o Instituto Royal. Uma sociedade organizada e civilizada não pode aceitar que a pesquisa científica seja constrangida por grupos de opinião que preferem o uso da força e da violência em detrimento das vias institucionais e democráticas para travar debates.

O ambiente de insegurança gerou – e continuará gerando – prejuízos para a ciência brasileira, na medida em que não assegura aos cientistas um ambiente institucional adequado para o desenvolvimento de pesquisas cujo objetivo, em última análise, é o de salvar vidas. A consequência deste cenário de hostilidade é o desestímulo à fixação e permanência das melhores mentes científicas em nosso País.

O prejuízo causado ao Instituto Royal não é mensurável. Mas é certo que o Brasil inteiro perde muito com este episódio, lamentavelmente.”

Com informações do G1

Na nota, o Instituto ressalta as perdas científicas que o fechamento de suas atividades poderá causar e a importância de suas pesquisas para o tratamento do câncer, entretanto, a vivissecção como método eficiente é questionável e os artigos abaixo poderão informar um pouco sobre a discussão em torno desta prática já ultrapassada:

Junto com esta vitória, é importante lembrarmos daqueles que também lutaram e deram suas vidas pela causa animal. Ontem fez 12 anos de morte do ativista pelos direitos animais Barry Horne. Condenado a 18 anos de prisão por suas ações em prol da libertação animal, ele morreu na cadeia durante a sua terceira greve de fome (durou 68 dias) pedindo que o governo britânico acabasse com os testes realizados em animais.

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